Um alerta urgente em tempos de gaslighting

Assisti recentemente à psiquiatra Ana Beatriz falando sobre relacionamentos marcados pelo ciúme, e, em sua fala firme e esclarecedora, ela trouxe um termo que merece cada vez mais ser discutido sem medo: gaslighting.

Em tempos de relações líquidas, emocionalmente frágeis e, muitas vezes, mascaradas de afeto, o gaslighting se tornou uma epidemia silenciosa — um abuso psicológico tão devastador quanto invisível para quem está vivendo dentro dele.

Gaslighting não é apenas manipulação. É uma lenta corrosão da identidade. É fazer alguém duvidar de sua própria memória, de seus sentimentos, da sua capacidade de interpretar a realidade. É usar o amor como armadilha, a preocupação como controle, a dúvida como arma. E é justamente por ser sutil, por vir disfarçado de “preocupação”, “zelo” ou “cuidado”, que ele se torna ainda mais perigoso.

Hoje, mais do que nunca, precisamos acender esse alerta.

Vivemos uma era em que muitos confundem intensidade com amor, ciúme com prova de afeto, controle com proteção. Não é. Nunca foi. E normalizar comportamentos abusivos é colaborar para a manutenção de um ciclo silencioso de sofrimento e adoecimento emocional.

Quando alguém desqualifica suas emoções, faz você questionar sua sanidade, diminui suas conquistas ou manipula a narrativa para você duvidar de si mesmo, isso não é amor. É violência emocional.

E a ferida deixada por esse tipo de violência, diferente das marcas físicas, se aloja fundo — atinge a alma, a autoestima, a capacidade de confiar em si e no mundo.

Falar sobre gaslighting é falar sobre liberdade emocional.

É dizer, sem rodeios, que relacionamento saudável é aquele em que você pode ser quem é — sem medo, sem culpa, sem necessidade de se explicar o tempo todo.

É lembrar que o verdadeiro amor não manipula, não distorce, não apaga a identidade do outro. Amor que exige a sua anulação para existir, não é amor. É cárcere.

Por isso, o alerta é urgente: reconheça os sinais. Escute a sua intuição. Proteja a sua saúde emocional como quem protege a própria vida — porque, no fundo, é exatamente disso que se trata.

Gaslighting não é exagero, não é “drama”, não é “coisa de mulher sensível” como muitos tentam banalizar.

É real. É sério. É uma forma cruel de controle e de dominação.

E só o conhecimento e a coragem de romper esse ciclo podem resgatar o que ele tenta destruir: a sua verdade, a sua força e a sua liberdade de ser.