Não toque tambor para maluco dançar

Há uma lição que a vida nos sussurra, às vezes em momentos de silêncio, outras vezes no auge do caos: nem tudo merece resposta. Nem todo olhar vazio precisa ser preenchido por palavras; nem toda provocação deve virar duelo. É um ensinamento que exige paciência, maturidade e um domínio sobre o próprio ego que poucos dominam por completo.

Quando Leandro Karnal nos adverte: “Não toque tambor para maluco dançar”, ele nos lembra que alimentar o ruído é perpetuar o caos. O tambor é simbólico, claro. Ele é o argumento perdido na raiva, a resposta afiada no calor do momento, o impulso de gritar mais alto que o grito. E o “maluco”? Pode ser uma ideia que te desafia, um confronto que te instiga, ou mesmo aquela pessoa que, por alguma razão, parece viver para tirar você do prumo.

Mas veja bem, tocar o tambor não é apenas permitir que o outro dance: é se tornar parte do espetáculo. É ser regente da desordem, maestro de um ritmo que você não queria ouvir.

Quantas vezes nos permitimos ser arrastados para conflitos que não nos agregam nada? Quantas discussões nas redes sociais viraram batalhas de egos, cujo desfecho nunca trouxe mais do que desgaste? Alimentar o que não merece atenção é como jogar água em um moinho quebrado: um esforço imenso para girar o vazio.

Refletir é resistir

Silêncio não é fraqueza. Não responder não é covardia. É um ato de coragem abdicar do tambor e deixar o “maluco” dançar sozinho. É dizer: “Eu escolho minha paz acima do conflito. Meu tempo é precioso demais para ser consumido pelo espetáculo alheio.”.

Isso não quer dizer que você deva abaixar a cabeça para injustiças ou se calar diante do que realmente importa. O discernimento aqui é a chave. Saber diferenciar entre o que exige sua voz e o que só consome sua energia. Lembre-se: cada resposta que você dá é um pedaço de você que entrega.

O que você quer dançar?

A vida é um baile, e os ritmos que escolhemos seguir determinam como vamos dançar. Você pode tocar tambores que ecoam mudança, bondade e inteligência. Pode escolher harmonias que constroem, em vez de destruir. Não desperdice seu talento com instrumentos que apenas amplificam o caos.

Leandro Karnal nos provoca, mas também nos liberta. Ao entender a profundidade dessa frase, começamos a perceber quantos tambores temos tocado à toa. E, talvez, seja hora de guardá-los, de ouvir outros sons e de aprender que o silêncio, muitas vezes, é a melodia mais sábia.