Ano pré-eleitoral: O descompasso entre a política e o eleitor

O Brasil entra em mais um ano pré-eleitoral, e enquanto partidos, candidatos e analistas políticos se movimentam intensamente nos bastidores, o eleitor segue alheio ao jogo. A verdade é que, fora da bolha política, a população está mais preocupada com o preço dos alimentos, a dificuldade de pagar as contas e a incerteza do futuro do que com os arranjos e discursos dos candidatos.

A política, cada vez mais restrita a círculos específicos, vive um paradoxo evidente. Para quem está dentro do tabuleiro, o jogo nunca para. Alianças são costuradas, estratégias são traçadas e pesquisas são analisadas com obsessão. Mas, para quem vive a realidade dura do dia a dia, isso pouco importa. O eleitor comum não está interessado em quem será o candidato, quais partidos se unirão ou qual a nova narrativa que será vendida. Ele quer saber como pagar o aluguel, como conseguir um emprego e se terá segurança para sair de casa.

O distanciamento do eleitorado da discussão política não é novidade, mas se intensificou nos últimos anos. A enxurrada de informações, fake news e discursos inflamados desgastou o interesse da maioria, que hoje vê a política com descrença e fadiga. Para muitos, eleição virou sinônimo de promessas vazias e mudanças que nunca chegam. Assim, o debate público se restringe a uma bolha altamente engajada – mas que, muitas vezes, fala apenas para si mesma.

O desafio para quem quer ocupar um cargo público em 2026 não é apenas se posicionar dentro da bolha, mas romper essa barreira e alcançar o cidadão comum. E isso não se faz com discursos genéricos ou marqueteiros, mas com propostas reais e uma comunicação que dialogue diretamente com a vida das pessoas. O eleitor não quer ser convencido de que a política é importante – ele quer ver resultado.

A pré-campanha precisa entender que, fora dos círculos viciados da política, o eleitor não está ouvindo. E se os candidatos continuarem falando apenas entre si, 2026 pode ser mais um ano onde o desinteresse ditará o ritmo da eleição. No fim, quem quiser vencer precisará encontrar uma forma de fazer a política voltar a dialogar com a realidade do povo – e não apenas com a bolha que já está convencida.